domingo, 6 de julho de 2008

Quantos amigos você (realmente) tem?

Primeiro alguns conceitos a título de explanação
A amizade é um fenômeno social contextualizado cultural e historicamente e possui algumas características que lhe são peculliares: a amizade é diádica, pessoal, informal e mútua; sustenta-se em emoção positiva, consideração, voluntariedade, apego e ausência de sexualidade exacerbada; os amigos tendem a se esforçar para providenciar apoio quando necessário, afirmam reciprocamente suas identidades e as expectativas de confiança e de apoio; bem como, auxiliam a pessoa na manutenção de uma auto-imagem valorizada e de competência, expressam e reconhecem os atributos mais importantes do amigo, estimulam a auto-elaboração positiva, são confiáveis e confiantes,; e, cooperam e dão apoio no que se refere às necessidades cotidianas.

As pessoas tendem a ter amizades com aqueles que lhes são similares em idade, gênero, grupo étnico, atributos físicos e preferências por atividades profissionais e recreacionais. Os amigos são, geralmente, aqueles com os quais compartilhamos certas similaridades, inclusive idade, gênero, etnia, religião, nível sócio-econômico-cultural e atividades. Essa similaridade é maior entre amigos mútuos do que entre amigos unilaterais (quando um dos indivíduos não considera o par como amigo reciprocamente) ou não amigos.



Ok, Fábio... E onde você quer chegar com esse papo?
Pois bem. Na semana passada estava eu surfando pelo site da Newsweek, quando me deparei com a coluna THE TECHNOLOGIST de Steven Levy. O assunto era algo que já me chamava a atenção há algum tempo: quantos amigos temos em nossas listas em sites de redes de relacionamentos?

Então eu lhe lanço as seguintes perguntas: quem está na sua lista de amigos do Orkut, por exemplo?; ou, as pessoas desta lista participam de sua vida efetivamente ou vocês compartilham alguma característica em comum?

Levy destaca que esses "amigos" não são aqueles que lhe levam canja de galinha quando você está doente. A nova conceituação de amigo abarca aquele camarada que senta atrás de você na sala de aula, alguém procurando um novo cliente ou uma pessoa com a qual você nunca vai conversar. Hum... e você chama isso de amigo!? Pois eu me faço a mesma pergunta.

A introdução de tecnologia de comunicação em massa que ocorreu ao final da década de 1990 culmina hoje em mudanças substanciais na arquitetura dos relacionamentos interpessoais. O palco necessário para que ocorram as interações que posteriormente configuram freqüência e investimentos mínimos para que constituam um relacionamento migrou do plano concreto para o virtual, criando uma gama quase infinita de novas formas de nos relacionarmos.

O amigo “virtual” talvez carregue em si características do tipo “talvez não temos tanto em comum” ou “não nos importamos um com o outro”, porém o que parece ser mais notório é o nó que mantém vivo esses sites de relacionamento. As pessoas se sentem ligadas umas às outras de alguma forma. Num mundo tão individualista e pulverizado, esse é uma forma de amarrar os cacos de nossa(s) identidade(s) e um eu cabível.

Os amigos e as comunidades das quais participamos dizem quem somos e quem gostaríamos de ser. A ciência dos relacionamentos interpessoais já mostrou que, quando um relacionamento é iniciado em um dado contexto, ele provavelmente está imerso numa rede na qual vários outros relacionamentos se entrecruzam. Assim, damos forma à nossa imagem pessoal perante a sociedade.

A nova geração está quebrando muitos paradigmas, inclusive este: quem são seus amigos(?).

Quem avisa amigo é...
Ter uma longa lista de amigos pode até ser bem legal.
Poder contar com eles quando você mais precisar é muito melhor.

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