terça-feira, 28 de abril de 2009

Vitória: uma ilha de congestionamentos e poluição?

Vitória é a ilha-capital do Espírito Santo, estado um pouco esquecido do desenvolvimento até a década de 1990, quando iniciou uma crescente de modernização, sobretudo nos últimos 5 anos. Mas, nem sempre o desenvolvimento é planejado e sustentável e o que podemos observar em Vitória foi uma falta de planejamento estratégico de longo prazo que hoje implica em sérios problemas para a capital capixaba e as cidades da região metropolitana.

Um dos pontos que necessita de intervenção urgente é a reengenharia viária e uma reflexão profunda sobre os nortes de urbanização de toda a região que se extende desde Guarapari até Fundão.

Como disse anteriormente em outro post, a forma de pensar o crescimento urbano sustentável é um paradigma a ser enfrentado nas esferas política, econômica e social. Infelizmente, nossa população tem a cultura de relegar ao governo a discussão e a implementação de soluções para as questões públicas - um resquício de nossa história colonial que se arrasta até os dias atuais.

Mudanças em nossas vidas, aqui inclusas as relativas ao transporte, ao estabelecimento de zonas residenciais, produtivas e comerciais, áreas de socialização e relacionamento dos cidadãos, entre outros pontos a serem discutidos, devem ser contabilizadas em nossas discussões em casa com nossas famílias, com os amigos, nas escolas, comunidades e esferas governamentais - englobando os três poderes: executivo, legislativo e judiciário.

É preciso que também se faça valer o acordo metropolitano e que políticas públicas passem a ser pensadas num âmbito maior, encorpando as cidades satélites à capital como integrantes da teia urbana e vislumbrando níveis de análise múltiplos de forma intregada: sociedade, economia, meio ambiente, entre outros.

Me incomoda profundamente nossos governantes e representantes políticos não terem um projeto urbano explícito, com matrizes de transporte público, áreas de recreação e socialização, infra-estrutura, soluções para educação e saúde, a ser debatido pela população.

Essas discussões não nos são exculsivas, emergiram como convergência de líderes mundiais que nos alertam para a maneira como temos vivido e as mudanças que inevitavelmente serão necessárias para que nossa existência tenha menor impacto sobre a biosfera.



Algumas empresas, como a IBM, tem se juntado a governos para refletir como podemos manter o crescimento das cidades de forma sustentável e reduzir os impactos da urbanização sobre a cidade.




Em Vitória, o vai-e-vem do debate volta e meio aparece na mídia [link 1, link 2, link 3]; entretanto, a população pouco tem sido chamada para se envolver em algo que tem impacto profundo em nosso cotidiano e na arquitetura urbana na qual ele se baseia. 

A crise de crédito e a desaceleração econômica estão maiores que a marola esperada pelo nosso presidente pop star Lula. Eu, que já fui surfista, sei que não podemos errar o cálculo com o tamanho da onda, senão podemos tomar um caixote e nos machucar bastante. A boa nova é que as conjunturas macro e micro-econômicas têm nos salvado de maiores apuros.

O cenário atual fez nossos governos federal, estadual e municipal freiarem planos para os anos de 2009 e 2010 e os PAC da vida foram novamente empacotados e colocados no freezer. Mas o que quero colocar aqui na mesa para você leitor é que não se trata apenas de dinheiro pública a ser investido, e sim uma reflexão de toda a população de como devemos agir diante dos problemas urbanos.

Algumas atitudes simples podem ser tomadas no dia-a-dia. Devemos nos lembrar que tudo que consumimos será descartado no ambiente [leia post sobre o assunto] e que nós mesmos podemos mudar hábitos e salvar nosso planeta, deixando um patrimônio decente para as próximas gerações.

A região metropolitana de Vitória é um exemplo claro de espaço urbano que demanda planejamento de curto, médio e longo prazos. E uma crise econômica não pode calar nosso clamor por mudanças de atitudes dos agentes políticos diretos - nossos representantes - e de nós - cidadãos -, que construímos nossa morada, nossa querida cidade, nosso palco e tabuleiro no jogo da vida.

Ainda é tempo de fazermos algo para mudar o mundo: o meu, o seu, o nosso mundo.


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