terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sucesso... o que é isso?





Diariamente somos bombardeados pela mídia com mensagens sobre como devemos ser vitoriosos, vencermos na vida, sermos o número 1 e guerreiros. Mas será que consideramos os acasos da vida, o que acontece além do nosso controle? Livros e mais livros nas prateleiras na seção de auto-ajuda dizem ter a receita para resolver nossos problemas como se fosse uma questão de ir lá, fazer e pronto. Esse é o segredo... Será isso mesmo?

Alan de Botton nos faz uma pergunta importante em sua fala no video desta palestra do TED: o que é o sucesso?

Talvez o que mais nos incomoda são as pessoas esnobes, frutos de um fenômeno global. Muitos pegam uma pequena parte de si e a engrandecem como se elas fossem em si aquela característica e nada mais.

Um tipo de esnobismo comum atualmente é o referente ao trabalho. Antigamente perguntávamos de qual família a pessoa era; hoje perguntamos onde trabalha e pedimos seu cartão de visita. Isso remete ao segredo dos guerreiros do mundo meritocrático: o que podemos conquistar ao longo da vida? Qualquer coisa! Basta querer! Esse é um ponto veiculado continuamente na mídia: podemos ser quem quisermos, fazer o que quisermos, conquistar tudo que sonhamos.

Mas, afinal, o que é essa tal meritocracia? Um mundo meritocrático, no qual todos recebem o que merecem por mérito de seus esforços é um sonho. Infelizmente, nem sempre é assim. Infortúnios acontecem e fatores randomicos e aleatórios emergem a todo momento. A sensação que essa onda de auto-ajuda neoliberal dá é de que se aplicarmos nossas energias, nossa dedicação e nossos talentos, com certeza chegaremos ao topo.

Peraí!.... Mas só existe UM primeiro lugar. Então tomamos nossas falhas e insucesso pessoalmente e nos culpamos. Claro que devemos nos preparar e ficar espertos para as oportunidades que aparecem. Porém, devemos lembrar que isso não garante as consequências de nossas ações.

Aqui entra Edgar Morin com a Ecologia da Ação. Escolher é inevitável e escolhemos continuamente mesmo se tentarmos negar tal fato. Contudo, as consequências de nossas escolhas (ações) são apenas hipóteses. Nossas escolhas são apostas, e, como toda álea, cabe ao desenrolar progressivo da existência revelar as cartas.

Numa sociedade capitalista/materialista ordenamos nossos mundinhos em hierarquias sociais baseadas em nossas posses. A mídia cria verdadeiros heróis humanos - visto a falta de mitos metafísicos e a queda das ideologias e apologias religiosas. Nós adoramos e veneramos a nós mesmos, os seres humanos. As conquistas materiais - claro que algumas ajudam um tanto em nosso conforto - se tornam recompensas ao nosso esforço: você pode, você merece... Tentamos nos dar amor; um amor perdido, um amor que nunca existiu.

Sim, um amor total e artificial.
Deveríamos reconhecer a verdade: não podemos ter tudo. Podemos sim agradecer o que temos e sonhar com a felicidade. Mas a felicidade não é necessariamente posses.

Quais são seus valores?
Quais são suas prioridades?

Pra quem chegou agora, sugiro ler os posts DeMaio e Tom Coelho.
Continue acompanhando nossa série especial de posts sobre Projeto de Vida, Felicidade e uma nova perspectiva.


FELICIDADES!


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Um comentário:

Diana Pádua disse...

Nossa, muito bom! Isso me lembrou um artigo do Luli Radfahrer (www.luli.com.br), que fala sobre como o mundo de hoje exige que sejamos bem-sucedidos muito cedo.

Ele diz que temos que estar bem-colocados no mercado com até 6 anos de formados, o que representa apenas 10% de toda a nossa vida profissional no mundo de hoje.

Uma correria louca para alcançar o sucesso, para decidir o que faremos pelo resto de nossas vidas, demasiado cedo e quando estamos ainda despreparados para definir até mesmo quais são nossos valores e o que é o sucesso para nós.

Muito bom, mesmo, virei sempre aqui. E obrigada por indicar meu blog. ;)

Bjs,
Diana

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