terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Psicose e desemprego: um paralelo entre experiências psicossociais de ruptura biográfica

Marcelo Afonso Ribeiro
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Este artigo visa analisar o contexto atual de transição do mundo do trabalho, no qual os processos organizativos de reestruturação produtiva e flexibilização desarranjaram sua configuração ao fragilizar as instituições reguladoras da sociedade e romper com os paradigmas vigentes pela diluição das fronteiras psicossociais determinantes dos papéise das identidades que são construídas na relação com o mundo. Partindo do pressuposto que o trabalho continua sendo central para a sociabilidade humana, podemos perceber que a flexibilização de sua forma tem causado experiências psicossociais significativas de ruptura de vida e que, se antes atingiam somente alguns grupos tradicionalmente excluídos, agora podem atingir potencialmente a todas as pessoas. Como forma de refletir sobre essa questão, traçou-se um paralelo entre a experiência tradicionalmente instituída de ruptura da crise psicótica e as novas vivências de ruptura sofridas pelo homem contemporâneo que se vê diante da modificação profunda das ocupações que exercia e do desemprego, concluindo que esse processo gera uma experiência psicossocial deruptura biográfica semelhante em ambos os casos (guardadas as devidas especificidades) pela desfiliação, pela perda da referência no mundo das significações existentes, pela construção de trajetórias descontínuas de vida e pela necessidade de (re)estruturar laços sociais num mundo que dificulta essa ação.

Palavras-chave: Trabalho, Psicose, Desemprego, Carreira, Ruptura biográfica
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