A era do trabalho 2.0 Carreiras como farmacoeconomista, gerente de diversidade e arquiteto da informação mostram como o mercado e o próprio mundo mudaram na última década Por Luciane Crippa
Mais do que mostrar como o mercado de trabalho evoluiu, as profissões que surgiram nos últimos dez anos revelam a transformação do próprio mundo. Temas como internet, alimentos transgênicos e ações sociais e ambientais passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. A preocupação com a satisfação e o conforto do cliente também mudou a área de marketing e vendas. Conheça dez profissões que até bem pouco tempo eram desconhecidas.
Desenvolvedor de sementes
O trabalho do agrônomo Rogério Andrade, de 40 anos, de Uberlândia (MG), é introduzir novas características genéticas em grãos de soja, milho e algodão, de acordo com os programas de melhoramento de DNA da Monsanto, produtora de sementes e defensivos agrícolas. Desde 2005, ele é o líder do programa de pesquisas da companhia americana no Brasil. As experiências com sementes geneticamente modificadas já existiam há dez anos, mas não criavam empregos na iniciativa privada. Ainda hoje, há oportunidades para agrônomos e biólogos nesse mercado, pois o número de pessoas qualificadas permanece pequeno. “Na Monsanto, os profissionais de biotecnologia têm espaço para crescer e até atingir posições na diretoria e postos internacionais”, garante Rogério Andrade.
Arquiteto da informação
A área de tecnologia da informação é, sem dúvida, a que mais gerou novas profissões nos últimos anos. O cargo de arquiteto da informação é uma dessas funções. Hoje, esse profissional aplica conceitos como usabilidade e navegabilidade para desenvolver o site das empresas. “Meu trabalho é desenhar toda a estrutura do site e entregar o projeto pronto para a equipe de programadores e designers”, explica Willie Taminato, de 28 anos, consultor de arquitetura da informação da Mídia Digital, que faz ferramentas de internet para o HSBC e o Magazine Luiza, entre outros. Willie também faz trabalhos de Search Engine Optimization (SEO), técnica que permite dar maior destaque a resultados positivos durante pesquisas em ferramentas de busca, como Google e Yahoo!.
FARMACOECONOMISTA
A demanda por profissionais que saibam avaliar a viabilidade econômica de novos medicamentos deve aumentar mundialmente. Segundo Mario Saggia, gerente de farmacoeconomia da Roche, não há, no Brasil, mais do que dez especialistas na área. “Quem quiser ingressar no setor precisa ser capaz de avaliar um novo medicamento em todos os aspectos — epidemiológico, clínico, econômico, de sistema de saúde”, diz. Ainda não há um curso de formação nessa área, mas é possível aprender sozinho. “Há muita literatura, principalmente internacional, sobre o tema”, afirma Mario. Profissionais formados em administração, economia, farmácia e medicina, com senso crítico apurado, têm o perfil mais adequado para essa função, que deve ganhar importância nos próximos anos.
MARKETING OLFATIVO
Na área de marketing, uma especialização recente é o marketing olfativo. Ele surgiu nos últimos anos porque as empresas perceberam que a linguagem visual está saturada e não desperta mais a atenção do consumidor. A idéia, então, é investir em outros sentidos, como a audição e o olfato. Elaine Oliveira, de 29 anos, é supervisora comercial da Biomist, empresa de São Paulo que atua na área desde 2000. Ela desenvolve, por exemplo, cheiro de dinheiro para bancos ou essências para lojas de roupa. “O objetivo é traduzir a marca em uma fragrância”, diz Elaine. Quem trabalha com marketing olfativo se formou em comunicação e tem especialização na área. Os salários são compatíveis com os de profissionais do marketing tradicional. “O aroma é uma poderosa ferramenta de comunicação”, garante Elaine Oliveira.
Consultor de agricultura sustentável
Desde 2005, a Bayer Cropscience, divisão agrícola da multinacional alemã, oferece consultoria de agricultura sustentável. “Os clientes passaram a sofrer pressões da legislação e da sociedade, e a Bayer entendeu que precisava oferecer informações sobre como não poluir o meio ambiente”, comenta o agrônomo Luiz Dinnouti, de 45 anos, responsável pela área.
Cientista do exercício
Em 2005, a Universidade de São Paulo passou a oferecer o curso de graduação de ciências da atividade física. A diferença de formação em relação à educação física é a ênfase na prevenção e no acompanhamento de doenças, principalmente para pessoas acima de 60 anos. “O profissional sai preparado para criar programas de treinamento para quem tem problemas crônicos e para idosos que querem se prevenir”, diz Luis Mochizuki, de 38 anos, coordenador do curso na USP e responsável pelo programa de prevenção contra queda, oferecido pela instituição à população idosa. Quem se forma encontra trabalho em clínicas, hospitais e seguradoras.
Webmarketing
Mapear a reputação de empresas em ferramentas de internet, como Orkut, Twitter e mais blogs e fotologs, é o trabalho de Tereza Cândida, de 27 anos, formada em jornalismo. Ela trabalha na Dialeto, uma agência de publicidade que auxilia clientes como Natura, Schincariol e Volkswagen a reconhecer negócios nas chamadas mídias do consumidor. Tereza vasculha a web em busca de oportunidades de marketing e também com o objetivo de detectar possíveis danos à imagem corporativa. Também faz parte de sua função realizar estudos sobre o comportamento do consumidor na internet.
Articuladora de parcerias
O investimento das empresas em ações de cidadania empresarial se consolidou como um novo mercado de trabalho na última década. A jornalista Cinthia Sento Sé, de 31 anos, há dois anos e meio passou a trabalhar no Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), como articuladora de parcerias entre companhias e ONGs. Cinthia também faz contatos com políticos, envolvendo o setor público nos projetos.
Gerente de diversidade
Economista com pós-graduação em comércio internacional e marketing, Fabiana Galetol, de 39 anos, tinha 15 anos de carreira na IBM quando foi convidada, em 2005, para assumir a então recém-criada gerência de diversidade. O objetivo da área é aumentar a integração entre funcionários de diferentes sexos, idades, culturas, raças e sexualidade. “Se houver alguma barreira, há o risco de perdermos um talento”, diz Fabiana. Para muitas empresas, a diversidade é um componente fundamental da inovação: se todos pensarem igual, a criatividade é inibida. “Ao dar valor à diversidade, construímos um ambiente de respeito”, diz Fabiana. Em sua área, há outras seis pessoas. “Os especialistas no tema devem ser capazes de ouvir, respeitar e gostar de lidar com desafios.”
CORRETORA ONLINE
Formada em marketing, Marcella Rinaldi Areal, de 25 anos, ocupa o cargo de corretora de imóveis online da construtora Tecnisa há quatro anos. Quando começou, sua área tinha quatro pessoas. Hoje, são mais de 30. Seu trabalho consiste em se comunicar com clientes, fazer propostas e até fechar vendas pela internet. “Fui contratada por ter perfil de vendas e conhecimento de tecnologia.” A fluência em inglês também contou pontos, já que ela atende muitos estrangeiros. A maioria dos clientes quer ver o imóvel antes de assinar o contrato, mas, segundo Marcella, há quem faça tudo pela web. “Este ano, já vendi 20 imóveis”, diz. Alguns são de alto luxo, o que rende a Marcella boas comissões.
fonte:http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0123/aberto/materia/mt_300901.shtml
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