Dizem que o hábito faz a pessoa. Por um lado isso é verdade da mais verdadeira, por outro um perigo que mora debaixo de nossas camas, pronto para puxar nosso pé.
O hábito é um mecanismo que foi desenvolvido ao longo da evolução de nossa espécie e tem como função poupar energia para ser gasta com algo que realmente precisemos. Esse é um conceito sociológico apresentado por Berger e Luckmann e que acaba por resultar em nossa construção da realidade.
Cada um de nós possui uma realidade individual e única. Mas, então, como fazemos para viver em sociedade? Bem, poderíamos dizer a grosso modo que vivemos na interseção da realidades dos integrantes da sociedade. Vivemos nesse lugar comum a todos nós, nesse ecótono social, que é a realidade compartilhada.
E é aí que entra a necessidade de expandirmos nossos horizontes, como bem retrata o vídeo acima. O hábito é interessante por permitir a economia de energia; porém, corremos o risco de termos em nossa caixa de ferramentas poucos instrumentos para apreciar e nos adaptarmos ao mundo. Diz outro velho ditado que para quem tem um martelo na mão, tudo é prego. Mas nem tudo neste mundo é prego.
Conhecer o mundo, adquirir cultura geral, aprender com viagens, livros e pessoas novas abrem portas para um experiência existencial magnífica. Eu sou falante fluente no Português (não por nascer no Brasil, mas por fazer uso corrente e aprofundado desse idioma), falo Inglês com sotaque mas com desenvoltura (thanks dad for those exchange programs; thanks to my dear students back then when I used to teach English), arranho no Alemão (nur ein bisschen... so ich essen kann wenn ich nach Deutschland fliegen können) e no Espanhol (en la escuela la maestra lo me enseño).
Agora tenho uma nova meta: aprender francês. Sim, aquela língua cheia de biquinhos e de pose meio esnobe. Assim pensava eu até janeiro. Minhas aulas começaram em fevereiro e estou adorando minhas aulas. Aprender novas línguas e a cultura dos povos falantes desses idiomas é fascinante.
Tenho feito alongamento cerebral. Estou alargando meus hábitos, ouvindo música diferente, aumentando o número de ferramentas disponíveis para explorar o mundo e minha vida de uma forma saudável.
Hoje sei contar de vários jeitos... Progressivamente: um, dois, três, etc. Meio que de trás para frente: einundzwanzig, dreiundachtzig, und so weiter. E somando quantidades até formar a quantia desejada: soixante-dix, quatre-vingt, quatre-vingt-seize, etc.
Se eu for para os EUA e o Canadá (quem me dera ter dinheiro para isso no momento...), poderia muito bem me virar para achar um banheiro - daquele de shopping e aeroporto. Você está pensando em um bathroom, certo? Pois é... esse bathroom tem chuveiro, então não serve. Que tal um restroom. E se eu estiver em Miami?... Donde está el baño?... Em Vancouver? Procure por um washroom.
Hábitos são excelentes! Por isso lhe digo para você aumentar o número de hábitos. Quando o momento surgir, você vai poupar energia para resolver a situação.
Ampliar nossa caixa de ferramentas (nossos hábitos) nos possibilita ver as coisas ao nosso redor com outros olhos e, assim, analisamos os problemas na sua complexidade, considerando diversos níveis de correlação entre as variáveis presentes. Vixi!... Acho que o professor se sobressaiu nessa última, hein. Bem, se conhecemos outras perspectivas do mundo, podemos entender melhor o que está acontecendo.
Isso também é muito útil na clínica psicológica. Existe uma técnica chamada reenquadramento, e uso dela com frequência com meus pacientes. Pegamos o problema apresentado pelo paciente e colocamos ele a partir de outra perspectiva, quebrando um padrão de pensamento, quebrando um hábito e o encaminhando para uma análise diferente da situação.
Reenquadrar a situação, ou percebe-la por um novo ângulo, é como aprender a pensar fora da realidade individual e acrescentar a realidade individual potencial de outras pessoas à nossa caixa de ferramentas. É o que acontece quando você mora por um longo tempo em um lugar com outra cultura, tipo quando faz um intercâmbio, ou aprende uma língua, um instrumento ou pratica um esporte novo.
Além disso, podemos também aprender com nossos erros. Porque o ruim não é falhar ou errar; o ruim é errar e não aprender.
Você tem a capacidade de construir sua vida. Nós somos os personagens das estórias que contamos. Qual é a sua? Você é o escritor, o diretor e o personagem principal. Faça alguma coisa a respeito disso, porque a responsabilidade pela sua felicidade é sua.
Claro que não sou inocente e vou desconsiderar as condições nas quais iniciamos nossas vidas. Entretanto, podemos criar uma nova vida. Aqueles que melhor se adaptam sobressaem e sobrevivem, já dizia Darwin.
Não é o momento de discutirmos ética, moral ou afins. Esse momento é o momento no qual te convido a fazer uma limonada, uma salada de pepinos ou abacaxis grelhados com provolone. Seja qual for a situação, sempre temos a possibilidade (senão a determinação) de escolher.
Escolha uma nova vida.
Abra sua mente e seja mais feliz!
Faça disso um projeto pessoal.
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