Meu amigo e minha amiga ingênuos. Um leitor do blog me enviou a seguinte questão: “Sou advogado e recebi uma proposta para tratar numa imobiliária, como corretor de imóveis. Você acha uma boa eu migrar para essa nova carreira? Na sua opinião, como anda o mercado de imóveis atualmente?”
Como sempre faço nesses casos, pedi licença ao leitor para dividir a sua pergunta e a minha resposta com todo mundo. Porque é mais rico. Outros leitores podem ajudar a responder a pergunta que me foi feita. E essas respostas, com sorte inclusive a minha, podem servir também à vida de outros incautos que passam aqui pelo blog de vez em quando. Acho que a recente experiência que tivemos respondendo coletivamente à moça que estava considerando acabar com a própria vida comprova isso.
Vamos lá. Eu acho que a troca de carreira, um momento sempre crucial, ansioso, ciclotímico, depende de alguns pontos:
1. Você está feliz? Se está, fique onde está, fazendo que faz hoje. Faça mais e faça melhor o que já vem fazendo. E seja feliz. Isso não tem preço. Nada compra isso. Nem mesmo um salário maior. Sentir-se bem, acordar feliz toda segunda feira para ir trabalhar, curtir os projetos e as pessoas e o seu dia a dia profissional é uma coisa difícil de obter e de manter. Então se você está numa boa, trate de ficar ainda mais numa boa, numa ainda melhor.
2. Você está infeliz? Se está, trate de mudar a sua vida. Diante de uma rotina morrinha, chata, torturante, só há uma alternativa: mudá-la. Trate de se mexer, de alterar o rumo das coisas, de sair da modorra profissional (e pessoal), de colocar o pezinho fora da zona de (des)conforto e tomar uma atitude em direção à felicidade. É uma obrigação que você tem consigo mesmo.
3. Sair do trem atual não significa embarcar automaticamente no trem que está parado do outro lado da plataforma… É isso mesmo: livrar-se do trabalho que você faz hoje, e que o tiraniza, não quer dizer necessariamente aceitar a proposta que lhe foi feita. São duas coisas diferentes. São duas decisões que devem ser tomadas em separado. Uma não deve depender da outra, nem influenciá-la.
Gostaria ainda de sublinhar um ponto que considero fundamental. E que está nas entrelinhas de tudo que eu escrevi aí em cima: na hora de mexer na sua carreira, desde a primeira escolha profissional da vida, até a hora de se aposentar, passando por todas as decisões e revisões que sua trajetória profissional demandar e comportar, olhe para dentro e não para fora. Procure as respostas em você e não no mercado. Descubra o que você quer fazer, o que você deseja para si, o que vai lhe fazer feliz. E não o ramo que está mais quente ou mais frio no momento, nem a empresa que vai lhe pagar circunstancialmente o maior ou o menor salário.
Ao contrário do que dizia o slogan daquela série de TV, a verdade não está lá fora – ela está aí dentro. Boa sorte. Seja muito feliz. Estamos vivos para isso mesmo e não para qualquer outra coisa.
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